domingo, 13 de fevereiro de 2011

Uma crítica de cinema

Um discurso crítico é sempre um exercício de inteligência. Mas por vezes pode acertar ao lado. Eu por acaso acho este filme (o título em inglês é mais expressivo, Love & Other Drugs) uma excelente sátira política (com o seu quê até de proselitismo bem-pensante do liberalismo de esquerda norte-americano) embrulhada de comidrama romântico. E acho que tenho razão. Mas como o provo? Bem, não se pode provar uma "opinião", mas podemos sustentar uma argumentação... com trechos do próprio texto, neste caso do texto fílmico. A cena final então é todo um programa.
Aqui fica a de Vasco Câmara que, um dia não são dias, me parece um exemplo de tiro ao lado.

Crítica no Ípsilon por:
Vasco Câmara (Público 4/2)

Lá estão Jill Clayburgh e George Segal (numa sequência, fazem os pais da personagem de Jake Gyllenhaal), e isto deve ser a homenagem de Zwick a um outro tempo da comédia (sexual) americana, a dos anos 70. O filme está carregado de missão: fazer comédia (sexual) para adultos. Louvável intento. Mas sobra-lhe em programa o que lhe falta em sensualidade - Zwick é um realizador solene, e é apanhado em falso na comédia como um amante inábil na cama.

É verdade que os actores são obrigados a despir-se cena sim, cena não, e como eles são bonitos! Só que a coisa se torna claustrofóbica, compulsiva e angustiante. Fala-se do Viagra, Jake e Anne são monotemáticos, é o sexo, o sexo - incapazes de ligação afectiva, ela por causa do Parkinson que lhe cortou o futuro, ele pela natureza predadora -, e um dia, claro, vão descobrir o sentimento. (Ou seja, o mesmo de sempre, desta vez sem roupa). Mas progride-se de demonstração em demonstração. E mesmo não esquecendo a mama dela e o rabo dele, é uma contradição uma comédia sexual ser cinema com a libido em perda.

Sem comentários:

Enviar um comentário