quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Um texto a analisar

António Ribeiro Ferreira
Correio da Manhã (21/2)
Um filme de terror
Dezenas de jornalistas andam a mostrar ao mundo as ruas árabes. Os relatos são emocionantes, cheios de amor, democracia e liberdade. De um lado os bons, os que gritam, do outro os maus, os que reprimem.
São histórias de fazer chorar as pedrinhas das calçadas. Uns são imbecis de pai e mãe. Outros não. São mentirosos, manipuladores e amantes do terror islâmico. A realidade para esta gente é uma maçada e fazem tudo o que podem para a esconder. No meio dos jasmins, dos muros de Berlim e das revoluções de Abril, bandos de selvagens violaram uma jornalista americana no Cairo aos gritos de judia. Pois é. Bem podem estes militantes da barbárie esconderem a verdade. O que se está a passar no Médio Oriente e Norte de África é uma ameaça séria ao modo de vida ocidental. Um verdadeiro filme de terror.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Uma crítica de cinema

Um discurso crítico é sempre um exercício de inteligência. Mas por vezes pode acertar ao lado. Eu por acaso acho este filme (o título em inglês é mais expressivo, Love & Other Drugs) uma excelente sátira política (com o seu quê até de proselitismo bem-pensante do liberalismo de esquerda norte-americano) embrulhada de comidrama romântico. E acho que tenho razão. Mas como o provo? Bem, não se pode provar uma "opinião", mas podemos sustentar uma argumentação... com trechos do próprio texto, neste caso do texto fílmico. A cena final então é todo um programa.
Aqui fica a de Vasco Câmara que, um dia não são dias, me parece um exemplo de tiro ao lado.

Crítica no Ípsilon por:
Vasco Câmara (Público 4/2)

Lá estão Jill Clayburgh e George Segal (numa sequência, fazem os pais da personagem de Jake Gyllenhaal), e isto deve ser a homenagem de Zwick a um outro tempo da comédia (sexual) americana, a dos anos 70. O filme está carregado de missão: fazer comédia (sexual) para adultos. Louvável intento. Mas sobra-lhe em programa o que lhe falta em sensualidade - Zwick é um realizador solene, e é apanhado em falso na comédia como um amante inábil na cama.

É verdade que os actores são obrigados a despir-se cena sim, cena não, e como eles são bonitos! Só que a coisa se torna claustrofóbica, compulsiva e angustiante. Fala-se do Viagra, Jake e Anne são monotemáticos, é o sexo, o sexo - incapazes de ligação afectiva, ela por causa do Parkinson que lhe cortou o futuro, ele pela natureza predadora -, e um dia, claro, vão descobrir o sentimento. (Ou seja, o mesmo de sempre, desta vez sem roupa). Mas progride-se de demonstração em demonstração. E mesmo não esquecendo a mama dela e o rabo dele, é uma contradição uma comédia sexual ser cinema com a libido em perda.

Visual Editions

Livros visuais? Bem, já existiam, mas o que este artigo assinala (para além da clássica assumpção de que as novidades vêm sempre de Londres/NY, tal como antes elas e os bebes vinham de França) é a chegada desses livros ao mercado principal.

A escritora portuguesa Ana Hatherly falou de como o seu interesse pela caligrafia chinesa partiu de uma ignorância: ela não sabia ler o sentido daqueles caracteres, pelo que concentrou a sua atenção na forma, e achou-os "muito bonitos".

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Aulas 1 e 2 - o sumário possível

Aula 1
1. Apresentação do programa e do formato da cadeira. Discussão teórica, noção de paraliteratura,o princípio da amostra médica: bibliografia activa, bibliografia passiva.
2. Calendário e critérios de avaliação. Notificação: há que saber escrever correctamente...
3. Dom Quixote e Sancho Pança: aula viva/planificação. Há um modelo de trabalho, um programa claro. Mas, por vezes, a manta fica curta nos pés ou na cabeça. O texto escrito deve ser rigoroso, e aluno e professor têm por dever ler.
4: O dilema do intelectual no momento de agarrar a realidade: Elmer Fudd aos tiros ao Bugs Bunny.
5. Para que serve a crítica (a continuar)? A anedota do "crítico de cinema": contar o fim, lamentar que o casaco azul não seja verde.

Aula 2
1.Linhas de leitura - amostra: história do Careca e da partida de mau gosto.
2.Camões: "E tal o amor tiverdes tereis o entendimento de meus versos".
2.1. que 'amor' é este? Pode ser substituído por outras qualidades?
2.2. Contributos para uma teoria da recepção.
3. Amostra de 2.1: Fernando Aguiar - como assim, um soneto?
4. O texto conforme e o texto disforme (a desenvolver em aulas futuras, nomeadamente sobre Imprensa decoração e cultura de massa). Dizer o que o leitor quer ouvir Vs. dizer o que se tem para dizer.
5. Exercício escrito (e teste-diagnóstico): "As palavras são apenas uma memória".

Por favor, se têm sumários alternativos, ou algo a acrescentar, coloquem aqui. Comparar notas é bom. E, obviamente, duas cabeças podem ter melhor memória que apenas uma.
(Excepto, naturalmente, em caso de divórcio - aí talvez o melhor fosse mesmo às vezes apagar as memórias, mas pronto.)

Novos autores do blog

Ingo König, Ana Gabriela Pereira, Paula Garcia, Afonso Reis Cabral.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Um link interessante

http://www.livrariapoetria.com/

TÉCNICAS DE EDIÇÃO

Está aberto oficialmente o semestre de Técnicas de Edição 2011.

Chequem esta página para ver propostas de exercícios, problemas, os problemas que os problemas levantam e - isso a par dos habituais anúncios, comentários, posts sobre coisas interessantes relacionadas como O Maravilhoso Reino Natural da Edição.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Bem vindos ao blog da cadeira de Literaturas marginais 2011

Espero que este seja um bom instrumento de trabalho. A sua qualidade depende da nossa participação. Aqui serão afixados boletins informativos, textos interessantes para disciplina, notícias de última hora, etc.


Para já, o plano do semestre:

Literaturas marginais
2º Semestre – 2010-11
Docente: Rui Zink
zink.rui@gmail.com
http://litmarge11.blogspot.com

O objectivo desta cadeira de opção é reflectir sobre um leque, não coerente, de géneros e formas que, de algum modo, não são geralmente integradas no (também discutível) cânone do que é considerado “literatura”.
Fica claro que o programa não esgota o que possa ser “literatura marginal”. Cada item será acompanhado por um estudo de caso.

0. Literatura marginal
0.1. Há um cânone literário?
0.2. Marginal – um conceito equívoco

1. Paraliteraturas impressas
1.1. Literatura de cordel
Frei Lucas de Santa Catarina
1.2. Policial/ficção científica
Stanislaw Lem, Solaris, Dennis McShade e A mão direita do diabo
1.3. Imprensa do coração
A fotonovela de Corin Tellado
1.4. Sátira e humor
Vilhena
1.5. Banda desenhada/Literatura gráfica
Vânia, Escala em Orongo
1.6. Crónicas de imprensa
Lobo Antunes, Miguel Esteves Cardoso
1.7. Canção
Sérgio Godinho, Leonard Cohen
1.8. Outras

2. Paraliteraturas expressas
2.1. Teatro/happening/performance
Felizes da Fé
2.2. Poesia visual/experimental
Po.Ex (Hatherly, Melo e Castro)
2.3. Livro objecto /Mail Art
Fernando Aguiar/José Oliveira
2.4. Cinema
Vale Abraão (Agustina e Oliveira)
2.5. Rádio/TV
Dennis Potter
2.6. Internet, hipertexto, e-leitores
Os Surfistas, Arquivo Pessoa
2.7.Outras

Bibliografia activa
AGUIAR, Fernando (1981), O Dedo, Lisboa, Ed. Do A.
BARTHES, Roland (1977), Fragments d'un Discours Amoureux, Paris, Seuil. Ed. ut.: Fragmentos de um Discurso Amoroso, Lisboa, Ed. 70, s.d.
BAXTER, Glen (1990), The Billiard Table Murders, London, Picador
CÓRTAZAR, Julio (1967), La Vuelta al Dia en Ochenta Mundos (2 tomos), Madrid, Siglo XXI de España, 1973
MILLER, Frank (1987), The Dark Knight Returns, New York, DC Comics
MOTA, Augusto; DIAS, Nelson (1973), Wanya – Escala em Orongo, Lisboa, Assírio e Alvim, Gradiva 2008
PINTO, Júlio;SARAIVA Nuno (1996), Filosofia de Ponta, Lisboa, Contemporânea
RODRIGUES, Graça Almeida (1981), Vida e Obra de Frei Lucas de Santa Catarina, Lisboa, Imprensa Nacional
HATHERLY, Ana (1975), A Reinvenção da Leitura - Breve Ensaio Crítico seguido de 19 Textos Visuais, Lisboa, Futura
McCLOUD, Scott (1993), Understanding Comics – The Invisible Art, Northampton MA, Kitchen Sink Press
OULIPO (1973), La Littérature Potentielle, Paris, Gallimard
SPIEGELMAN, Art (1986), Maus – A Survivor's Tale, Vol. I., New York, Pantheon. Ed. ut.: Maus, Lisboa, Difel, 1988
(1991),Maus – A Survivor's Tale,Vol. II, New York, Pantheon. Ed. ut.: Maus, Lisboa, Difel, 1995
VONNEGUT, Kurt (1973), Breakfast of Champions, London, Cape

Bibliografia passiva
BORQUE, J.M. DIEZ (1972), Literatura y Cultura de Masas, Madrid, Al-Borak
BOURDIEU, Pierre (1992), Les Règles de l'Art – Genèse et Structure du Champ Littéraire, Paris, Seuil
CASTRO, Ernesto Melo e; HATHERLY, Ana (1981), Po.Ex – Textos Teóricos e Documentais da Poesia Experimental Portuguesa, Lisboa, Moraes
LOPES, Silvina Rodrigues (1994), A Legitimação em Literatura, Lisboa, Cosmo
PIMENTA, Alberto (1978), O Silêncio dos Poetas, Lisboa, Regra do Jogo
(1994) A Magia que tira os Pecados do Mundo, Lisboa, Cotovia
SARAIVA, Arnaldo (1974), A Crítica Literária e a Crítica Literária em Portugal, Porto, Faculdade de Letras
(1975), Literatura Marginal izada, Porto, s.e.
(1980) Literatura Marginal izada, Porto, Árvore
ZINK, Rui (1999), Literatura Gráfica, Lisboa, Celta
(2000), O Humor de Bolso de José Vilhena, Lisboa, Celta

Netografia
http://www.nfb.ca/film/ladies_and_gentlemen_mr_leonard_cohen/
http://arquivopessoa.net/
Etc…