quinta-feira, 10 de março de 2011

Aviso aos alunos da cadeira

Meus caros, como sabem a aula/disciplina é teórico-prática, ou seja (como já sublinhei) o vosso investimento é crucial para... o vosso sucesso.
Tenho dado exemplos: a aula é o apeadeiro no percurso, etc., o programa é um menu de escolhas (um cardápio) onde vão buscar assuntos que vos interessem, têm à disposição um bufete de textos primeiros (os textos literários) e auxiliares de análise e leitura.
Lembro que os artigos apresentados em aula e/ou aqui neste sítio são de leitura obrigatória.

Preciso também que se adiantem com propostas de apresentação em aula.

Em relação à dupla leitura (ou dupla ideologia): geralmente a pessoa ingénua pergunta o que "o poema quer dizer". Ora o poema não "quer dizer", o poema diz. Mas por acaso podemos aplicar esta questão - só que invertendo-a - a textos e discursos: textos que queriam dizer uma coisa mas dizem (também) outra. Isto é flagrante sobretudo quando o emissor não domina o instrumento que usa para comunicar.

Um exemplo (apresentado em aula): os pires e as chávenas deixados, sujos, na esplanada da nossa faculdade. Por que motivo os alunos que vão buscar o que consomem (é self-service) não podem depois fazer o mesmo simples e prático gesto de volta? Uma resposta em aula: "Ah, eu estou a pagar um serviço." Não é claro que assim seja. E, se queremos serviço completo, talvez tenhamos de pagar mais, porque para a limpeza das mesas ser eficaz (enquanto as empregadas estão na cozinha, tiram as bicas, estão na caixa, irem ainda de 3 em 3 minutos limpar as mesas)talvez seja necessário contratar mais pessoal, logo encarecer os produtos. A minha leitura é distinta, e menos simpática para nós, docentes e discentes da bela FCSH. (Ver exemplo 3).

Outro exemplo: no discurso directo, num romance, muitas vezes o locutor pensa que está a dizer uma coisa mas está a dizer outra. (É assim que alguns detectives descobrem coisas.)

Ainda outro exemplo: o "Eu não sou de intrigas, mas". Há aqui uma bifurcação clara. 1) Eu não sou de intrigas; 2) mas (sim, sou, e a prova mesma é que neste preciso momento vou intrigar).

Conto convosco. Sei que o que vos motiva é aprender e não apenas ter a nota.
Asseguro que o que me motiva é que se sintam motivados e, já que estamos com a mão nos produtos perecíveis, aprendam algo com a cadeira.
Um comovido obrigado.

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